22 julho, 2013

Dezenove Minutos

Dezenove minutos, parece tão pouco tempo não é? Mas em dezenove minutos muitas coisas boas ou ruins podem acontecer.
Este livro retrata um tema que tem sido muito debatido pela sociedade, no meu e no seu tempo provavelmente aquela brincadeirinha com alguma característica física que provavelmente você detestava, que te constrangia, não tinha nome, mas hoje é mundialmente conhecida como bullying. E é sobre isso que o livro retrata.

Jodi começa o livro com um trecho de uma carta escrita por um dos personagens principais, carta essa que li e reli inúmeras vezes.

"Quando você ler isto, espero que eu já tenha morrido.
    Não se pode desfazer uma coisa que aconteceu; não se pode retirar uma palavra que já foi dita em voz alta. Você vai pensar em mim e desejar que tivesse me convencido a não fazer isso. Você vai tentar decidir qual teria sido a coisa certa a dizer, a fazer. Acho que eu deveria dizer: Não se culpe, não é culpa sua, mas seria mentira. Sabemos que não cheguei aqui por conta própria.
   Você vai chorar no meu velório. Vai dizer que não precisava ter sido assim. Vai agir como todo mundo espera que você aja. Mas vai sentir saudade de mim?
   E o mais importante: eu vou sentir saudade de você?
   Será que eu ou você realmente queremos ouvir a resposta a essa pergunta?
"

Sterling era uma cidade tranquila de interior, mas essa aparente tranquilidade é abalada quando o jovem Peter Houghton abre fogo contra seus colegas, assassinando um professor, nove alunos e deixando vários deles feridos. Contando o que Peter fez você deve pensar: ele é um monstro! Mas a autora nos mostra que não é bem assim.

Peter era um menino doce, delicado, que sofria ridicularizações desde o seu primeiro dia na escola. Por ser fraco e inocente, era incapaz de se defender, com isso era frequentemente agredido física e psicologicamente. Quando criança ele ainda podia contar com sua amiga, sua única amiga, Josie Cormier mas conforme foram crescendo Josie trocou Peter por seus novos, populares e descolados amigos, deixando de ser uma presa tão fácil para o temido bullying.
Conforme a leitura conhecemos melhor o sofrimento diário de Peter na escola, a autora nos mostra seu passado, desde a infância, pré adolescência, ele é descrito como um jovem reservado, e sem amigos.

"-A Kaitlyn tinha um belo sorriso - disse o produtor.
 -Tem sim - respondeu Yvette, mas depois balançou a cabeça. - Tinha.
 -Ela conhecia Peter Houghton?
 -Não. Eles não eram do mesmo ano, não tinham aulas juntos. As de Kaitlyn eram no centro de aprendizado. - Ela apertou o polegar na beirada do porta-retratos de prata até doer. - Todas essas pessoas que estão andando por aí dizendo que Peter Houghton não tinha amigos... que Peter Houghton sofria provocações... Isso não é verdade -  disse ela.
 -Minha filha não tinha amigos. Minha filha sofria provocações todo santo dia. Minha filha era quem se sentia excluída, porque ela era mesmo. Peter Houghton foi simplesmente cruel.
   Yvette olhou para o vidro que cobria o retrato de Kaitlyn.
 -A psicologa da polícia me disse que a Kaitlyn morreu primeiro - disse ela. - Ela queria que eu soubesse que a Kaitie não sabia o que estava acontecendo e não sofreu.
 -Deve ter sido um consolo - disse o produtor.
 -E foi. Até começarmos a conversar e nos darmos conta de que a psicologa disse a mesma coisa para todo mundo que perdeu um filho. - Yvette olhou para frente com os olhos cheios de lágrimas. - O problema é que não tem como todos terem sido o primeiro."
Esse é um daqueles livros que você lê com lágrimas nos olhos e nó no estômago, daqueles que sente raiva em um momento e sente pena logo em seguida. Nada justifica um ato de violência, mas será que esse ato cometido por Peter não foi um grito desesperado de quem se viu sem alternativa, acoado e sem forças para reagir?
Será que não temos que reavaliar a educação que damos a nossos filhos?
Este é sem dúvida um livro maravilhoso que te faz crescer como pessoa, que te agrega valores e aprendizados para uma vida inteira.

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